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Novo crime de "Feminicídio" tem um registro a cada 5 dias no Rio.

Amanda Bueno foi morta pelo noivo após ele descobrir segredos do passado
Dez assassinatos contra mulheres foram registrados na Região Metropolitana do Rio desde que entrou em vigor, no dia 9 de março, a lei do feminicídio, uma qualificadora que aumenta a pena para autores de crimes de homicídio praticado contra mulheres. A média é de quase um registro deste tipo a cada cinco dias.

Para a polícia, apesar da onda recente de casos, a aplicação do feminicídio vai ajudar a diminuir a incidência de assassinatos contra mulheres.

— Cerca de 80% dos casos registrados ocorrem quando a mulher e o homem estão em casa. Há, em alguns homens, o sentimento de posse. É próprio da sociedade machista em que vivemos. Esta lei veio combater esta realidade. É uma ferramenta que vai ajudar a acabar com a impunidade — disse o delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios (DH) da capital.

A aplicação da qualificadora aumenta a pena mínima para assassinatos contra mulheres, de seis para 12 anos e a máxima, de 20 para 30.

A exigência básica para que o crime seja registrado como feminicídio é que a vítima seja do sexo feminino. O criminalista Breno Melaragno, presidente da Comissão de Segurança Pública da OAB-RJ e professor de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), também está otimista.

— Vejo com bons olhos. Antes desta lei, para o homicídio ser qualificado e a pena subir, dependia da decisão dos jurados se o crime seria torpe ou fútil. Agora, basta que a vítima seja mulher. Também há o motivo intimidatório, que deixa claro que o homicídio praticado por machismo é mais grave que um homicídio comum — analisa ele.

Assassino de dançarina de funk foi preso ao capotar
com o carro na Via Dutra Foto: Thiago Lontra
As estatísticas mais recentes do Instituto de Segurança Pública (ISP) sobre o assassinato de mulheres no Rio de Janeiro são de 2013. Naquele ano, 4.745 vítimas foram assassinadas no estado do Rio, contra 4.081 mortes registradas em 2012.

De acordo com o ISP, a maior parte dos assassinatos de 2013 ocorreu nas cidades de Nova Iguaçu, Mesquita e Nilópolis, na Baixada Fluminense. A região é a mesma onde a dançarina Cícera Alves de Sena, conhecida como Amanda de Bueno, foi morta pelo companheiro Milton Severiano Vieira, o Miltinho da Van,no último dia 16.

Miltinho foi indiciado pelo delegado Fábio Cardoso, da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, por vários crimes, entre eles o feminicídio. A nova lei não prevê o feminicídio para mortes de mulheres provocadas por outras mulheres.

Corpo da dançarina ficou desfigurado. Foto: Site S1 Notícias.
— Vamos ver como os tribunais vão lidar com isto. Acho que o entendimento poderá ser por feminicídio, porque a lei não se fixa no autor do crime e sim, na vítima. A jurisprudência vai ter que enfrentar este caso e os casos de vítimas transexuais, por exemplo— disse Melaragno.

Dos dez casos de feminicídio, seis foram registrados no Rio, um em Nova Iguaçu e três na Região de Niterói e São Gonçalo.

Entenda o feminicídio
O feminicídio prevê situações em que a vítima é morta em decorrência de violência familiar ou doméstica. Também é feminicídio se o assassinato ocorrer por discriminação ou menosprezo ou à condição de mulher. O decreto assinado pela presidente Dilma Rousseff também inclui o feminicídio no rol dos crimes hediondos. A pena do feminicídio pode ser aumentada de um terço até a metade, se o crime for praticado durante a gestação da vítima ou contra menor de 14 anos e maior de 60.
Fonte: Marcos Nunes/Extra
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