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Suposta vítima de homofobia disse a amigo: 'Imagina se acontece comigo'. Amigos acreditam em crime de ódio.

Mazé Mixo e a esposa moravam com Adriano, encontrado morto terça-feira.
Produtor e dançarino de bloco estava num rio na Baixada Fluminense.
Adriano da Silva Pereira, de 33 anos, não tinha vergonha de usar roupas femininas. Artista e produtor, às vezes saía de casa, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, de vestido. "Roupa não tem gênero", costumava dizer aos amigos. Quase sempre usando esmalte. Em meio ao perfil comum de mulatas do carnaval carioca, ele foi o primeiro dançarino do bloco Tambores de Olokun. Frequentemente, Adriano passava maquiagem e, por tudo isso, chamava atenção na rua. Ao sair de casa no domingo, ele foi esfaqueado e espancado na Baixada Fluminense. A família desconfia de motivação homofóbica, embora a Polícia ainda não tenha pistas.
"Ele era muito xingado e nós ficávamos preocupados. Ele ria. O corpo era a arte dele. Só uma vez ele pareceu preocupado, vendo reportagens de agressões por homofobia: 'Imagina se acontece comigo', ele me disse", relata o amigo Mazé Mixo.
Adriano morava com a mãe em Belford Roxo, mas tinha um quarto na casa de Mazé, em Nova Iguaçu, onde mora com a esposa Priscilla Bispo. Ela se diz "inconformada com a tragédia" e, como o restante da família, desconfia que o crime tenha sido motivado por homofobia. Para ela, Adriano fazia o estilo "andrógino".
"Pela energia utilizada pelo assassino ou pelos assassinos não condiz com latrocínio. Ele foi espancado e esfaqueado severamente, perfurado várias vezes na cabeça e no coração", conta Mazé.
Se a polícia ainda não tem pistas da motivação da morte, os amigos não têm dúvida de que Adriano foi vítima de preconceito em vida e se preocupam também com os riscos corridos por outros homossexuais.
"Ele não se deixava abalar por isso, mas quantos outros não se matam por causa disso? Não sei se foi isso que matou meu 'irmão', mas ele sofreu homofobia a vida inteira", desabafa o amigo.
Segundo Priscilla, Adriano não tinha inimigos e nenhum namorado. "Ele era querido por todos".

Corpo foi encontrado em rio
Adriano saiu no domingo (5) e não voltou. A família reconheceu o corpo no Instituto Médico Legal (IML). O corpo do ator e produtor cultural foi enterrado na tarde desta quarta-feira no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita.
De acordo com informações da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte de Adriano. Foi realizada ainda perícia no local onde o corpo foi encontrado.

Depoimento nesta quinta
A família do jovem Adriano da Silva Pereira, de 33 anos, encontrado morto com golpes de facada em um rio da Baixada Fluminense, na terça-feira (7), vai prestar depoimento nesta quinta-feira (9) na Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Como mostrou o Bom Dia Rio, os pais acreditam em crime de homofobia.
"Como o meu irmão não tinha um relacionamento, não tinha um amante, não tinha ninguém, e nós sabíamos disso, existe a possibilidade de ser um crime de ódio sim, gerado pela homofobia. Mas isso tem que ser pesquisado, tem que ser investigado, a gente não pode afirmar que seja isso ainda", afirmou o irmão Mazé Mixo.
Adriano saiu no domingo (5) para beber com os amigos e não voltou. A família reconheceu o corpo no Instituto Médico Legal (IML). O corpo do ator e produtor cultural foi enterrado na tarde desta quarta-feira no Cemitério Jardim da Saudade, em Mesquita.
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De acordo com informações da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, um inquérito foi instaurado para apurar as circunstâncias da morte de Adriano. Foi realizada ainda perícia no local onde o corpo foi encontrado.

Adriano era membro do grupo tambores de Olokun, adepto do candomblé e foi fundador do movimento 28 de Junho, o primeiro a apoiar as causas LGBT na Baixada Fluminense. Pelas redes sociais, as pessoas ficaram indignadas com o crime.

Adriano participava do grupo há pelo menos três anos. A página do bloco fez uma homenagem no Facebook a Adriano.

"Estou muito triste porque perdi meu melhor amigo, meu irmão de vida, que tudo indica que foi vítima de homofobia. Como pode alguém ser assassinado por ter feito uma escolha, opção de vida? Não consigo entender tamanha intolerância", disse uma outra amiga, Lu Muniz, em seu perfil de uma rede social. "Que essa homofobia declarada e que mata não faça mais vítimas", disse outra amiga de Adriano, Priscila Carneiro.
Fonte: Gabriel Barreira/ G1 Rio
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