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Cidades da Baixada estão entre as que mais desperdiçam água no Rio, diz estudo.

Maria Guandu observa gatos de água em Duque de Caxias Foto: Maze Mixo / Extra
Há mais de três meses, o aposentado Sebastião Silva, de 75 anos, convive com um vazamento na Rua Alberto Melo Filho, na Vila Maia, em Belford Roxo. O problema é um retrato do que foi identificado num estudo do Instituto Trata Brasil.

Num levantamento nas cem maiores cidades brasileiras, Belford Roxo é a que tem o maior índice de desperdício no estado do Rio: 68,17%.

— A água está minando, parece até uma fonte. Fico ainda mais revoltado porque aqui, às vezes, só cai água uma vez na semana — comenta Sebastião, com a heroína Maria Guandu: — Já pensei em mexer no cano, mas esse é o papel da Cedae.

No ranking do instituto, que analisou dados de 2013, além de Belford Roxo, Caxias aparece com uma taxa de desperdício de 67,64%; Nova Iguaçu, com 63,58%; e Meriti, com 59,09%.

Das cidades do estado listadas no estudo, as únicas que mostraram aumento no desperdício em comparação a 2012 foram as da Baixada e São Gonçalo. Rio, Niterói, Campos, Petrópolis e Volta Redonda tiveram queda. O índice leva em conta a água que foi tratada, mas não foi faturada, o que inclui vazamentos e gatos.

Em Caxias, o metalúrgico Ivanil Ferreira, de 56, também sofre com o problema. Na Rua Visconde de Cairu, no Jardim Gramacho, o vazamento já dura um mês.
Vazamentos e desperdício de agua em Belford Roxo
Foto: Maze Mixo / Extra
— Temos que ligar várias vezes para a Cedae porque a companhia demora muito para mandar equipe. É um desperdício muito grande — reclama o metalúrgico.

Especialista em gestão ambiental pela Fundação Getúlio Vargas, João Thomaz acredita que os números na Baixada são altos por falta de fiscalização:
— Não há uma fiscalização forte para resolver as irregularidades, como vazamentos, má distribuição e gatos. E quem não tem a situação regularizada acaba desperdiçando muito porque, como não paga, não se preocupa. Se nada for feito a curto prazo, iremos ter outra crise no estado em seis meses.

Já Gerson Cardoso, especialista em recursos hídricos pela UFRJ, afirma que os números da Baixada são preocupantes.

— Comparando com a cidade do Rio, que tem muito mais habitantes e é maior territorialmente, os números são alarmantes. A médio e longo prazo acredito que aumentar os reservatórios é uma boa alternativa para evitar outra crise, assim como o projeto Guandu 2, que promete ajudar a Baixada.

Obras de R$ 3 bilhões
Entre as cidades da Baixada que mais apresentaram aumento no desperdício está Meriti, que, de 2012 para 2013, viu as perdas de água saltarem 9,42%%. Na sequência, aparecem Belford Roxo (5,88%), Nova Iguaçu (5,8%) e Caxias (4,5%).

De acordo com a Cedae, a região da Baixada Fluminense é um dos principais focos da organização e regularização do sistema de abastecimento de água.

A empresa atribui o aumento das perdas em Meriti às ligações clandestinas. Os gatos, segundo a Cedae, acontecem devido ao crescimento desordenado ou por ocupações irregulares. A estatal ressalta que o problema também acontece em outras cidades do Rio.
Na rua onde Ivanil Ferreira mora existe um vazamento há
dois meses Foto: Maze Mixo / Extra
Para coibir a prática, desde 2007, a Cedae tem feito operações de combate que contam com o apoio da Defesa dos Serviços Delegados.

Para diminuir os índices de desperdício na região, a companhia destaca que obteve um empréstimo de R$ 3,4 bilhões para a construção do Complexo Guandu 2, que vai ajudar no processo de regularização da água de toda a região e na substituição de hidrômetros antigos por mais modernos. Além disso, irá construir 16 elevatórias de grande porte, o que minimizará o índice de perda.

E o desperdício, caracterizado pelo uso irracional de água (como lavagem de calçada), está sendo combatido com campanhas de conscientização e dicas para mudança de hábitos. Sobre a demora no reparo de vazamentos, a empresa disse que mais de 40 técnicos trabalham à noite para agilizar o atendimento. Sobre as ruas citadas, a Cedae prometeu que enviaria equipes aos dois endereços.
Fonte: Clara Bittencourt/Extra
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