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UPP: Migração dos Urubus para a Baixada.

Na última sexta feira, Marcus Monteiro (historiador e colunista do extra) foi convidado pelo professor Gesse Cintra para almoçar uma saborosa feijoada oferecida pela Secretaria de Segurança de Belford Roxo a autoridades e especialistas em políticas públicas de segurança. Estiveram lá, entre outros, o delegado da Polícia Federal de Nova Iguaçu Ricardo De carvalho, acompanhado do agente Paulo Feijó; o tenente-coronel Klein, da Polícia Militar; o delegado Felipe Lobato Curi, titular da 54§ DP; o advogado Cézar Renato; o capitão Orrico, do 39? Batalhão da PM; o vereador Luis Carlos do Caminhão; o deputado estadual Ricardo Abraão (PDT) e o prefeito Dennis Dauttmam (PCdoB), todos recebidos pelo secretário de Segurança de Belford Roxo, Claudinei Martins. Apesar de descontraído, o encontro teve como foco a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora nas comunidades cariocas e seus reflexos na Baixada Fluminense. 
Na conversa, a mais curiosa das revelações ficou a cargo do tenente-coronel Klein/defensor do projeto das UPPs: Segundo ele, "os urubus, que antes sobrevoavam as áreas próximas às comunidades ocupadas, estão migrando para a Baixada, por falta de cadáveres que sempre existiam naqueles locais...". 
ESTIGMATIZADA 
O fato é que os moradores mais antigos da Baixada ainda lembram que, nas décadas de 1960 a 1980, alguns locais como as estradas de Adrianópolis e de Madureira, em Nova Iguaçu, eram pontos de desova de cadáveres, e, devido à demora na remoção, os urubus faziam a festa. Foi neste período que a Baixada se estigmatizou como uma região miserável e violenta. Com o tempo, os grupos de extermínio, o Esquadrão da Morte e o "personagem" Mão Branca, com a ajuda da imprensa, reforçaram essa ideia. 
VENTOS DA PAZ 
Trinta anos depois, os exilados das UPPS revivem o triste passado da Baixada. Esperamos que um dia soprem novamente os ventos da paz. Como os urubus são protegidos por lei federal, é bom que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, fique atento, pois poderá acabar respondendo por dois crimes: o primeiro, no Rio, de privar as pobres e (injustamente) mal faladas aves de alimento; o segundo, na Baixada, de causar-lhes uma baita indigestão... 
• Marcus Monteiro é historiador e ex-diretor do Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac)
Fonte: Jornal Extra/Caderno Mais Baixada
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