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Delegacias Legais vivem situação de abandono.

BAIXADA FLUMINENSE - Paredes rachadas, móveis quebrados e sujeira são rotina.
Construídas para agilizar e modernizar o atendimento, além de oferecer mais conforto ao público e aos policiais civis, as Delegacias Legais do Rio estão sucateadas. O DIA percorreu 14 unidades do estado e encontrou problemas em dez delas, como portas de vidro danificadas, paredes sujas, com infiltrações e rachaduras, além de cadeiras quebradas, sem encosto e com o estofado rasgado e tomadas com defeito. 

Duas delegacias da Baixada continuam sendo as mais problemáticas: a 54ª DP (Belford Roxo) e a 58ª DP (Posse). Na primeira, além de tetos descascados e sem pintura, há duas rachaduras logo na entrada. A porta fica aberta a todo momento porque está com defeito. Em algumas cadeiras falta o encosto. Um desconforto para quem aguarda para ser atendido. 

Quem passa pela Avenida Henrique Duque Estrada Meyer, na Posse, em frente à a 58ª DP, se impressiona com o abandono. Em um grande pedaço da parede ao lado da porta de entrada e na parte alta da unidade, os ladrilhos caíram há mais de dois anos. Uma janela também está com o vidro quebrado. 

“Um motorista bateu no meu carro há 20 dias e sempre que penso em vir aqui fazer o registro, acabo desistindo, pois só vejo esta delegacia cheia. Como tem poucos assentos, as pessoas ficam aguardando a vez do lado de fora. Um absurdo”, contou a dona de casa Lilian Reis, de 35 anos. 

Na 37ª DP, na Ilha do Governador, quem chega já leva um susto com um cartaz de aviso colado na porta: “Atenção: porta com defeito. Segure ao fechar”. Para evitar que ela bata, foram postos pedaços de isopor e fitas. 

A modernidade também passa longe de algumas delegacias da Zona Sul. Na 10ª DP (Botafogo), há um aviso numa tomada elétrica: “Aguardando manutenção”. O banheiro para o público sempre se encontra interditado. Lá, há poucos assentos e muitos aguardam em pé pelo atendimento. 

A pouco mais de seis quilômetros dali, a 15ª DP (Gávea) também convive com problemas. O banheiro masculino está interditado, mas o que mais chama a atenção é uma placa de aviso, que é comum ser usada fora de uma delegacia: “Diminua a velocidade. Abaixe o farol. Acenda a luz interna. Mantenha a calma”. Dos cinco bancos, dois estão sem o encosto. 

Na 14ª DP ( Leblon), onde atua a conhecida delegada Monique Vidal, usuários sofrem com a interdição frequente dos banheiros masculino e feminino. Nos banheiros de todas as DPs visitadas faltam toalhas para enxugar as mãos e papel higiênico. Grande parte também não tinha sequer a tampa do vaso sanitário. Em algumas, lixeiras lotadas de papéis, constatando que o lixo não é recolhido regularmente. 

Modernização prevista deu lugar à precariedade 
A tão sonhada modernização prometida pelo Programa Legal está longe de acontecer também nas delegacias da Zona Norte. Na 21ª DP (Bonsucesso), além de paredes com infiltrações e uma grande rachadura ao lado dos telefones públicos, uma cena curiosa e inusitada chamou atenção da reportagem. Um homem sem camisa fazia barba na pia do banheiro na quarta-feira pela manhã. 

Ainda dentro da delegacia, mais problemas: a porta do banheiro masculino está amarrada com uma fita — e um cachorro faz a “segurança” dos policiais. Ele dorme na unidade e muitos usuários reclamam que na madrugada ele costuma avançar. 

Já na 22ª DP (Penha), a placa que indica a delegacia de polícia está destruída e a lâmpada queimada. Uma das portas está interditada. Há problemas de infra-estrutura também na 44 ª DP (Inhaúma), onde uma janela está com com o vidro quebrado. No banheiro masculino, o espaço para deficiente está interditado e a porta não tem maçaneta. 

Em Campinho, a 28ª DP é outra unidade em estado precário. O bebedouro está interditado, uma janela do banheiro está quebrada — em seu lugar, há um papelão. No chão do banheiro também faltam pisos. Todos os cinco bancos de espera estão com os assentos rasgados. 

Estado conta com 157 unidades 
Na 37ª DP, na Ilha do Governador, o cartaz avisa 
sobre o risco da porta quebrada 
As Delegacias Legais foram criadas justamente para proporcionar melhor atendimento à população. No site oficial do programa, está descrito que o “projeto arquitetônico das Delegacias Legais foi criado para dar conforto ao cidadão e melhores condições de trabalho aos policiais com mobiliário padrão, moderno e funcional”. 

Entretanto, problemas de infraestrutura são cada vez mais comuns nas unidades. Atualmente há 157 delegacias legais no Estado do Rio.Segundo informações da assessoria do Programa Delegacia Legal, nove unidades serão implantadas até o fim de ano. As obras estão em andamento em seis. Três delas ficarão em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. 

As outras delegacias serão a 1ª DP (Praça Mauá), 4 ª DP (Praça da República), 75 ª DP (Rio do Ouro), 60ª DP (Campos Elíseos), Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) e Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente (DPCA). 

Secretaria de Obras faz a manutenção 
A manutenção das delegacias, que já ficou a cargo da Polícia Civil, está sob responsabilidade da Secretaria Estadual de Obras, através do Programa Delegacia Legal, desde janeiro de 2014. Em 6 de abril do ano passado, O DIA mostrou o abandono em diversas delegacias como Belford Roxo e Posse, por exemplo. De lá para cá, a situação se agravou. 

De acordo com a assessoria do programa Delegacia Legal, os técnicos já fizeram levantamento detalhado das necessidades de manutenção e reformas das unidades policiais. 

A Secretaria de Obras está realizando os procedimentos licitatórios para contratação dos serviços que se fizerem necessários para reforma emergencial das delegacias e dos órgãos de polícia técnico-científica. “Nossas maiores reclamações são com portas quebradas, lâmpadas queimadas e banheiros sem papel. Isso causa desconforto para os policiais e o público. A situação das delegacias é caótica porque não há manutenção”, criticou o o diretor do Sindicato de Polícia Civil, Fernando Bandeira. 
Fonte: O Dia 
Por Diego Valdevino
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